quase perfeito III
Situações fáceis e irresistíveis subtraem-nos décadas e transformam-nos em crianças incapazes de lidar com tentações. Todo o nosso capital intelectual e cultural se esvai perante algo que nos satisfaz no imediato. Que tamanha irracionalidade!
Somos bombardeados com “ bombons “ que nos parecem perfeitos só falta mesmo mordê-los. Então porque não o fazemos deliberadamente?
A perfeição tem por hábito despoletar sentimentos obscuros no seio da nossa tranquilidade espiritual. A auto-censura priva-nos destes momentos e massacra-nos com frases feitas: “…coisas boas não caem do céu”, “…traz água no bico” ou ainda “…bom demais para ser verdade”. Sendo assim, nunca vivemos em pleno os momentos perfeitos.
"Morremos para não morrer..." - António L. Antunes